sábado, 25 de junho de 2011

Eu - eu + eu = eu (Equação existencial)


Você já parou para olhar uma foto de sua infância e já teve aquela desagradável sensação de não estar vendo a si mesmo? ou quem sabe já viu um amigo de longas datas fazendo algo que ele jamais teria feito em outras ocasiões? Eu já, e por muito me perguntei por que tais coisas aconteciam. Seria eu um "retrógrada emocional" incapaz de aceitar as mudanças da vida? Não, de maneira alguma, e se você já se viu em tal situação, saiba que isso é normal.
Pasmem meus caros leitores, mas o "você" de hoje não é o "você" de alguns anos atrás, e sim uma cópia muito semelhante "dele". Há cientistas que dizem que nos adultos há uma renovação total das células que acontece em período de sete a dez anos. E não pense que isso é novidade porque não é, pois, há mais de dois mil anos Diotime (sacerdotisa grega citada por Sócrates em seu discurso no livro O Banquete, de Platão) já falava sobre o assunto.
Segundo ela, nós (e os animais) não somos sempre os mesmos. Todo o nosso corpo muda; carne, osso, pele, sangue... estão em um contínuo processo de desaparecimento e renovação. "E não somente o corpo se renova, mas também a alma em todos os seus modos de ser: hábitos, costumes, inclinações, prazeres, desejos e temores, tudo se modifica, aparece e desaparece alternadamente e nada possui imutabilidade. [...] O que chamamos de reflexão se prende a uma noção que se dissipa, porque o esquecimento é a morte da noção. Ora, a reflexão, suscitando uma nova lembrança em lugar da que se foi, substitui tão bem a noção desvanecida que a julgamos idêntica à que a suplanta.[...]"Dizia ela.
Ao longo do tempo nós devemos a aceitar a "morte" que há em nós e nas pessoas a nossa volta e aprender a aceitar os "nascimentos" que nos acometem constantemente. Isso é o mais próximos do que podemos chegar da imortalidade em nossa condição de vida, isso é o que nos faz humanos e não deuses (que são imutáveis). A pergunta que vos deixo é: Será que o nosso "eu" de hoje é melhor do que os "outros" que vieram antes dele, ou é só mais um indivíduo alienado passando prejudicialmente pelo ciclo da vida?

Nenhum comentário:

Postar um comentário